Greve para quê? (por Luciane Pereira)

Projetos de Lei incidem diretamente na qualidade do serviço público prestado à população e na economia de Porto Alegre. Ao rebaixar as condições de salário e trabalho e entregar órgãos públicos eficientes e estratégicos à iniciativa privada, o poder público está abrindo mão de uma de suas funções primordiais: responder às necessidades de seus cidadãos. Foto: Guilherme Santos/Sul21

Vinte e oito de outubro marcou o dia do servidor e da servidora. Neste ano, a data teve um significado ainda mais especial para a categoria municipária: trata-se de u30m momento de luta intensa pela garantia de direitos e por um serviço público de qualidade que correm sério risco se os projetos de lei apresentados pela Prefeitura à Câmara Municipal forem aprovados.

Estas propostas acabam com a carreira do funcionalismo, reduzem os salários em até 50%, oficializam o parcelamento — mudando as regras no meio do jogo — e possibilitam a privatização do Dmae. Em resumo, não dizem respeito apenas à vida dos servidores; os PLs incidem diretamente na qualidade do serviço público prestado à população e na economia de Porto Alegre. Ao rebaixar as condições de salário e trabalho e entregar órgãos públicos eficientes e estratégicos à iniciativa privada, o poder público está abrindo mão de uma de suas funções primordiais: responder às necessidades de seus cidadãos.

A categoria municipária tem buscado, desde o início, a retirada dos PLs. Mas, durante meses, o diálogo com o Executivo não aconteceu. Além disso, nossos salários têm sido parcelados e, em muitos setores, como na saúde, o quadro funcional está aquém da demanda, sobrecarregando os trabalhadores e piorando a qualidade do atendimento.

No começo de outubro, diante de tantos ataques e para forçar o diálogo, decidimos iniciar a greve. Desde então, nossa união só tem aumentado. Os municipários e municipárias têm conversado com a população e buscado o apoio dos vereadores para a rejeição dos projetos.

Somente após 19 dias de greve o governo municipal aceitou conversar com os trabalhadores. Porém, as propostas apresentadas não deixavam claro o compromisso da gestão Marchezan com a busca pela resolução do impasse. Foi por este motivo que a categoria optou por manter a greve.

Não se trata de intransigência. Nossa luta é para preservar e fortalecer o serviço público, fundamental para atender o nosso povo e para a construção da sociedade justa que queremos. E isso só é possível preservando e investindo na estrutura pública e valorizando o funcionalismo.