Atempa levanta prejuízos da perda da HAFE

A Atempa conversou com alguns professores/as sobre como está funcionando a hora atividade dentro da escola (HADE), que, antes da mudança implementada por Marchezan, em fevereiro, era feita fora da escola (HAFE), para 75% dos/as educadores/as. Na Emef EPA, conversamos com a vice-diretora Jaqueline Junker, que apontou defasagem de espaço e equipamentos para que seja realizado um planejamento básico dentro da escola. Ela explicou que a Emef possui uma sala de convivência, compartilhada por professores e funcionários/as. Entretanto, o pequeno espaço, que possui um computador estragado e não disponibiliza wifi, agora tornou–se também o único local disponível para o planejamento, inviabilizando que os 30 professores/as, mais funcionários, ocupem o espaço para planejar, lanchar, reunir. “Para uma escola que não possui aumento de verba há mais de 6 anos, a medida da prefeitura vai onerar energia e material e ainda vai fazer com que os professores/as levem trabalho para casa, porque planejar não é apenas corrigir provas e organizar materiais”, destacou. A professora e representante do CR Claudia Machado complementou dizendo que, em 27 anos de rede, nunca se sentiu tão desvalorizada e finalizou mostrando o pequeno escaninho lotado e perguntando onde colocaria tudo que usa em casa para planejar caso fosse trazer à escola. Escutando a conversa, o aluno Rafael Dutra conta que percebe a piora da escola. “Telhado, paredes, pátio, refeitório, tudo precisa de reparos e ainda tiram coisas dos/as professores/as”, disse.

Na Emef Anysio, o planejamento acontece dentro das duas salas dos/as professores/as, que são em média 80, ou seja, também é inviável que ocupem esse espaço. “O meu material de pesquisa é vasto, está todo em casa e não tenho como trazer ou armazenar tantas coisas aqui. Além disso, preciso de internet para as pesquisas. Os únicos pcs são os da sala de informática, mas a prioridade lá são os/as alunos/as e é difícil conseguir utilizar. Esta foi a medida que me deu uma certeza desde o começo: a qualidade do meu ensino vai cair”, contou o professor Cassiano Malacarne. Além disso, apareceu em todas as conversas que a sala dos/as professores/ as desfoca, há apenas um computador estragado em uma das salas, nem todos/as possuem note para trazer, lembrando que alguns vem de ônibus e por motivos de segurança preferem não aumentar riscos de assalto, também não há estrutura para comportar o carregamento dos aparelhos.

Na Emef Guerreiro, com uma média de 90 professores/as, o planejamento também está acontecendo dentro da sala. A professora Cristiane Teixeira nos contou que, muitas vezes, as pesquisas agora se restringem ao próprio celular dela, pois não há computador disponível. Além disso, relatou dificuldade de concentração, porque o local é sempre repleto de conversas, a lotação de toda a estrutura, desde a geladeira até o espaço físico e finalizou dizendo que procura achar alguma sala da escola desocupada para melhorar a qualidade do planejamento, mas que nem sempre é possível. A professora Marcia Mota lembrou que muito já foi perdido desde o ano passado, exemplificando com a nova rotina escolar imposta por Marchezan, que retirou 5 minutos de cada período, a extinção da reunião pedagógica e que até então, a escola sempre seguiu a gestão democrática. “Agora eu me sinto em uma espécie de aprisionamento. Como professora de teatro, na HAFE eu frequentava bibliotecas, ia a exposições, fazia reuniões com grupos que trabalhassem temas interessantes, buscava um enriquecimento como artista. Agora, isso tudo se reduz a conversas pelo whats”, disse ela. Marcia também lembrou que, ano passado, antes de Marchezan extinguir todos os projetos, a escola possuía mais de 200 alunos em atividades culturais no contraturno.

Nesta segunda 26/03, a Atempa, acompanhada por diversos professores/as, esteve na Smed para a entrega de um documento que traz uma reflexão sobre a rede municipal de educação (RME). Esta agenda ficou definida na última reunião do Conselho de Representantes (CR) da entidade. A revogação dos critérios para a concessão da HAFE abrangendo todas as atividades docentes foi um dos pontos reivindicados. A secretaria adjunta Ivana e a chefe de gabinete Maria Fernanda se comprometeram com o agendamento de um encontro, do secretário de educação Adriano Naves de Brito e Atempa, na semana pós Páscoa.