Árvores caídas, galhos pendurados em fios elétricos, vidros das janelas quebrados, pedaços de telhas espalhados pelo chão, prédios destelhados e falta de energia elétrica. Esses são alguns dos problemas verificados pela direção da Atempa ao visitar às escolas da rede municipal, na manhã desta segunda-feira (19). Após denúncias feitas por vereadores(as), imprensa, comunidade escolar e a Associação, o governo Sebastião Melo (MDB) apressou-se em mascarar a realidade das instituições para vender a falsa ideia de normalidade no início do ano letivo.
Na tentativa de enganar a população, equipes foram enviadas a algumas escolas, desde a última sexta-feira. O intuito foi o de aparentar que as estruturas estavam em dia. Porém, ao pisar nas escolas, dirigentes da Associação constataram que muitos problemas seguem sem solução. E não se trata apenas dos estragos feitos pelo temporal que atingiu a capital em janeiro, muitas situações já existiam antes disso.
Diante da falta de estrutura adequada como a falta de energia elétrica e o abastecimento de água, o diretor da EMEF Aramy Silva, Celso Machado, chegou a anunciar para a comunidade escolar que as aulas não iniciariam hoje. “Estávamos desde o dia 17 de janeiro com árvores caídas na escola, sem luz e água. A secretaria de educação estava ciente, pois já tínhamos informado e, inclusive, enviado fotos e vídeos sobre a situação. Foi só após as denúncias que mandaram equipes”, relata.
No entanto, nem todos os problemas foram resolvidos. Um dos prédios da escola, que abriga nove salas de aula, o refeitório e departamentos administrativos segue com problemas na rede elétrica. “Este prédio ganhou até um apelido, o de crematório. Se ligamos o ventilador cai a rede. Cerca de 500 alunos estudam nesse espaço. No refeitório chegou a fazer 73 graus. Além disso, temos batedeira e freezer novos que não podemos usar. Há ainda 527 Chrome Books parados, sem uso”, exemplifica o diretor.
Na EMEF Governador Ildo Meneghetti a situação não é diferente. O temporal deixou prédios da instituição destelhados e mesmo ciente da situação, a Smed novamente não providenciou os consertos necessários. “Estamos mantendo as aulas com medo de que chova. Temos muito receio de que ocorra um curto-circuito. Mandamos todos os registros de como a escola está, mas a prefeitura não deu estimativa de quando virão consertar”, disse a diretora Karime de Souza kiener.
No prédio em que ocorreu o destelhamento funciona o espaço afro-brasileiro e salas de aula, além de equipamentos que ficam armazenados. “Só vieram, fizeram o levantamento do que precisa para o conserto, mas nada fizeram. A poda e a retirada das árvores caídas também não foi solucionada”, informa Karime.
Em frente à instituição, do outro lado da rua, foram deixados galhos de árvores, o que acaba gerando acúmulo de sujeira e lixo. Além disso, no pátio há diversos pedaços de calhas que não foram retirados quando as equipes foram realizar a capina.
Na EMEF Décio Martins Costa, diante da situação após o temporal e a inércia da Smed, a direção também cogitou não iniciar as aulas hoje. Só após denúncias e a forte mobilização da escola e da comunidade, a prefeitura resolveu agir. Porém, vários problemas persistem como a não retirada dos pedaços de uma imensa árvore que fica no pátio, vidros das janelas e bancos do pátio quebrados.
Um grave problema de infiltração atinge a EMEF Emílio Meyer. A cor da água que escorre da goteira apresenta muita ferrugem e indica que a água está vindo pelos dutos de luz e energia. Nas salas do segundo e terceiro andar há goteiras e infiltrações, que agravam quando chove.
A sala de música da escola possuía um tratamento acústico com espuma nas paredes, mas o revestimento apodreceu após uma forte chuva e precisou ser removido. Devido as goteiras e infiltrações, instrumentos se deterioram.
Educadores, alunos e comunidade escolar precisam desviar da imensa árvore caída na entrada da EMEI Vila Tronco e se arriscar caminhando quase no meio da avenida para poder ingressar na instituição. O local está virando um imenso foco de criação de rato e mosquitos, em pleno avanço da dengue na cidade.
É inadmissível que a única motivação para resolver alguns problemas das escolas foram as denúncias
Para a Atempa é inconcebível que o ano letivo inicie com a total falta de estrutura das instituições e com problemas que aguardam solução há meses. A administração municipal é responsável por garantir um ambiente adequado e seguro para educadores(as), educandos(as) e comunidade escolar.
“Infelizmente, a única motivação para resolver alguns problemas das escolas foram as denúncias, pois as direções das escolas já tinham encaminhado os processos para a Smed, desde o dia 17 de janeiro. Na véspera do início das aulas, resolvem agir. Não admitimos esse descaso com nossas crianças e adolescentes”, ressalta a diretora Luciane Congo.
“Lamentavelmente encontramos as instituições com apenas alguns dos seus inúmeros problemas resolvidos. É vergonhoso e inadmissível que a Smed trabalhe em cima das denúncias e sequer olhe os processos encaminhados pelas escolas, que informaram os transtornos logo após o ocorrido”, enfatiza a diretora Isabel Letícia Medeiros.
A diretora Roselia Siviero lembrou da importância do Conselho de Representantes da Atempa para que a Associação possa agir com breviedade para cobrar do governo as reformas e melhorias necessárias. “Toda luta é coletiva. Por isso, é importante que a categoria se organize em suas escolas e escolha seus representantes para o Conselho. Assim podemos discutir juntos as demandas e necessidades das instituições”, reforçou.