A Marcha 8M Unificado tomou as ruas da capital nesta quinta-feira (14). Centenas de mulheres exigiram, em uma só voz, o fim de todos os tipos de violência, igualdade de direitos e ações efetivas contra os casos de feminicídio.
O ato, alusivo ao Dia Internacional da Mulher, não ocorreu no dia oito devido às fortes chuvas. A nova data foi escolhida por ser o dia em que completam seis anos do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol), símbolo das lutas feministas e antirracistas brasileiras, e de seu motorista Anderson Gomes. “Marielle era uma mulher negra que enfrentava o poder e defendia os direitos das mulheres, em especial das mulheres negras. Incansável, nunca se calou. Sua força foi calada. Mas nós seguiremos honrando seu legado, em defesa da vida de cada uma de nós”, afirmou a diretora Luciane Congo. Munidas de cartazes e faixas, as dirigentes da Atempa destacaram situações que não podem mais ser toleradas, como o desrespeito e a desvalorização das educadoras, a falta de vagas na educação infantil, que já chega a mais de 7 mil, a sobrecarga de trabalho, entre outras questões que afetam de forma brutal a vida das mulheres. “Estamos aqui para denunciar que as educadoras do município de Porto Alegre sofrem com baixos salários, trabalham em péssimas condições, sem a estrutura adequada, e, além de tudo, como toda mulher, enfrentam a sobrecarga de trabalho”, destacou a diretora Isabel Letícia Medeiros. A diretora Camila Reis, lembrou da inadmissível falta de vagas na educação infantil. “É um direito das crianças e das mães trabalhadoras que está sendo ignorado pelo poder público. Hoje há sete mil e quinhentas crianças fora da escola. O mais grave é que essas crianças estão matriculadas, mas não estão sendo atendidas em horário integral por falta de RH e de estrutura”, denunciou. A Marcha culminou com ato no Largo Zumbi dos Palmares, que contou com apresentações culturais. Violência de gênero e desigualdade no trabalho Nesta quinta-feira (7) o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou os números do feminicídio no Brasil em 2023. De acordo com o levantamento, 1.463 mulheres foram vítimas de feminicídio no país, uma taxa de 1,4 mulheres mortas para cada grupo de 100 mil. Os dados revelam um crescimento de 1,6% quando comparado ao mesmo período do ano anterior, e ainda o maior número já registrado desde a tipificação da lei. Faltando um ano para completar sua primeira década de atuação, a Lei 13.104/2015 considera feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. O termo foi cunhado em 1976 pela socióloga sul-africana Diana Russell, que sentiu a necessidade de diferenciar o homicídio de mulheres em razão do gênero. No Brasil, a lei do feminicídio foi sancionada em março de 2015, contudo somente a partir de 2016 passou passaram a ser disponibilizados os indicadores para o período de janeiro a dezembro de cada ano. Conforme ressalta o levantamento do fórum, mesmo considerando a subnotificação de casos nos primeiros anos de vigência da legislação, ao menos 10.655 mulheres foram vítimas de feminicídio entre 2015 e 2023. Fotos: Jacquelline Marques Jorge, Luiza Castro/Sul21 e Jorge Leão (Brasil de Fato)