Vimos através deste, manifestar solidariedade ao professor de História (cujo nome preferimos não divulgar) do Colégio Anchieta, que vem sofrendo ataques, ofensas e intimidação após parte de sua fala em aula ter sido gravada indevidamente e exposta nas redes sociais.
Acreditamos, como garante a Constituição Federal, que a escola é lugar de problematizações, questionamentos, diálogo aberto, democrático, onde ideias diferentes podem ser expostas e contrapostas respeitosamente e, por isso, deve ser defendida como lugar livre de todo e qualquer tipo de censura, respeitados os limites legais. A liberdade de aprender só ocorre a partir da existência da dúvida, do questionamento, do direito a conhecer pontos de vista diferentes acerca das diversas questões sociais, deste e de qualquer tempo histórico, o que só pode ser garantido pela defesa intransigente da liberdade de ensinar.
Ademais, situações de divergência, tensão e conflitos dentro do espaço escolar, o que é comum pela própria natureza do lugar, que é o da diversidade, devem ser resolvidas através do diálogo, internamente, e não expondo estudantes e professores em “páginas de jornais”.
É função do professor e da professora de história problematizar, apresentar contrapontos, historicizar, possibilitar a livre e respeitosa expressão através de diálogos e debates acerca dos processos históricos, inclusive a respeito daqueles que são sensíveis a diferentes comunidades, nacionalidades, crenças e culturas.
Vale lembrar que qualquer forma de registro e publicação de conteúdo produzido por professores sem prévia autorização viola não somente princípios, mas também a lei e por isso a situação deve ser apurada adequadamente e as pessoas envolvidas responsabilizadas pelas instituições e órgãos competentes.
A democracia se faz com o diálogo de ideias diferentes e não com a perseguição a quem pensa diferente.
Coletivo de Professoras e Professores de História da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre (CPHIS)