Diretores e diretoras eleitos democraticamente pela comunidade escolar estão sendo arbitrariamente destituídos de seus cargos pelo governo Sebastião Melo (MDB). O motivo? Expressaram preocupação com a precariedade da estrutura das escolas e a falta de condições para o início do ano letivo.
Logo após relatarem os problemas enfrentados pelas unidades de ensino, as direções da EMEF Migrantes e da EMEI Tio Barnabé foram afastadas. A Secretaria Municipal de Educação (Smed) acusou as direções de gestão inadequada, mas não disse o motivo.
A EMEF Migrantes, severamente atingida pela enchente, iniciou o ano sem quadros, sem freezer e com apenas um bebedouro para 170 alunos. A calçada da casinha de bonecas do pátio está quebrada, oferecendo risco de queda às crianças, forçando a direção a interditar o acesso ao brinquedo. Além disso, a substituição das paredes originais por drywall fez com que aparelhos de ar-condicionado, recém-doados, caíssem, comprometendo ainda mais a infraestrutura da escola.

Como se não bastasse, as crianças da educação infantil estão sem monitoras e monitores devido ao remanejamento arbitrário imposto pelo governo. A prefeitura anunciou a conclusão das reformas, mas a realidade das escolas – principalmente as atingidas pela enchente – desmente esse discurso.

Enquanto os alunos tinham aula, houve uma assembleia do segmento pais, do conselho escolar, que ficaram horrorizados com o barulho e o perigo. Então, foi decidido pelo Conselho Escolar, que os alunos sairiam às 10h15, já que os técnicos afirmaram que não haveria mais o barulho das furadeiras no dia seguinte.
Em vez de resolver os problemas, Melo e o secretário de Educação, Leonardo Pascoal, optam por punir quem ousa expor a verdade. O afastamento das direções é uma tentativa clara de silenciar os educadores e substituir lideranças comprometidas com a comunidade por profissionais alinhados ao governo. O objetivo é transformar a gestão escolar em um braço do projeto político de Melo, eliminando qualquer oposição e calando denúncias sobre os problemas enfrentados pela educação pública.
Diante desse ataque à democracia e aos direitos da categoria, a Atempa e o Sindicato dos Municipais de Porto Alegre (Simpa) organizaram, nesta quinta-feira, um grande ato público em defesa da escola pública e democrática. A mobilização mostrou a força dos trabalhadores e trabalhadoras da educação – e essa luta está apenas começando.
A Atempa seguirá firme na resistência, denunciando cada ataque à educação pública e exigindo respeito aos educadores e condições dignas para as escolas e suas comunidades. Não aceitamos autoritarismo, censura ou desmonte da educação.