Escolas de Porto Alegre e Viamão fazem linda festa para lançamento de livro

Com sorriso no rosto, brilho nos olhos e orgulho no peito, a professora Daniela Kanitz, da EMEF Professora Ana Íris do Amaral, conta os detalhes da produção do livro “A Voz dos Avós – A Ancestralidade em Mim, em Ti e em Nós” em parceria com a Escola Estadual Indígena Nhamandu Nhemopu’ã, de Viamão. O lançamento ocorreu na última quarta-feira, dia 19/12, no Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com uma longa seção de autógrafos por parte dos alunos e alunas de ambas as escolas.

A alegria em ver o seu trabalho materializado em uma obra literária estava estampada em cada rosto das crianças ao folhar as páginas do livro. A imaginação dos pequenos voava para longe, pensando, quem sabe, que se tornar um escritor no futuro pode ser uma boa ideia. Ou um pintor. Ou até ambos. Tudo é possível.

Tanto as professoras que organizaram esse projeto quanto os alunos estavam uniformizados com uma camiseta contendo a capa do “A Voz dos Avós”. Antes da entrega dos livros e dos autógrafos, houve uma apresentação protagonizada pelas crianças, com música e dança. Várias câmeras e celulares no ar para não perder nenhum momento desse evento tão importante para os envolvidos no projeto.

 

AJUDA QUE CONSTRÓI 

A professora Daniela diz que foi um desafio concluir o livro, principalmente pela dificuldade financeira, mas que se sentiu feliz por ter conseguido apoio de muitos para que a obra saísse do papel. “Nós começamos a desenvolver esse trabalho em abril, quando fomos visitar junto com os alunos da Ana Íris a escola Nhamandu Nhemopu’ã, e a aldeia Tekoa Pindo Mirim, em Itapuã. Nessa visita, eles puderam vivenciar a parte das brincadeiras indígenas, treinamentos, fizeram trilha, passaram o dia dentro de uma realidade nova. Com isso, também pudemos observar como a questão da ancestralidade é muito forte para os índios. Então, foi aí que surgiu a ideia de produzir um livro com essa temática”, explica.

Como há um custo muito alto para realizar um projeto desse tamanho, as escolas contaram com ajuda financeira que veio por intermédio de parcerias e doações nas chamadas “vaquinhas online”. “Nós agradecemos muito a todos, inclusive a Atempa que sentiu não poder ter doado mais. A associação pode ter certeza que foi fundamental cada ajuda que recebemos” agradece a professora.

Os textos e ilustrações foram produzidos exclusivamente pelos alunos e alunas das duas escolas, formados em duplas ou trios. “O sentimento que ficou – e que até fez parte em um texto deles – é que o dia da visita foi inesquecível e que vai ficar [na memória] para sempre. E o que eles mais nos dizem hoje é que se a escola tivesse dinheiro e perguntássemos ‘para onde vocês querem ir?’, todos diriam ‘para a aldeia’” – revela orgulhosa a Daniela.

“Em época tão conturbada da humanidade, incorporar esse sentimento de respeito ao próximo e às diferenças é importante. É a nossa ferramenta de resistência” – finaliza.