O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou, nesta quarta-feira (6), o Boletim Mulheres no Mercado de Trabalho – desafios e desigualdades constantes. O documento detalha como está a inserção das mulheres, com destaque para a crescente informalidade, a persistência das desigualdades, a tripla jornada de trabalho, salários menores em comparação aos homens e dificuldades para alcançar cargos de chefia.
A base de dados utilizada para a produção do material foi a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.
O estudo analisou a inserção das mulheres no mercado de trabalho entre o 4º trimestre de 2022 e o mesmo período de 2023, por meio dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), com destaque para a diversidade no segmento informal, que, no 4º trimestre de 2023, equivalia a 39,1% da população ocupada e abrangia os trabalhadores domésticos, por conta própria e assalariados sem carteira e trabalhadores familiares.
A análise dos dados do 4º trimestre do ano passado indicou melhora em relação ao ano anterior, mas as desigualdades persistem. Com mais horas dedicadas aos afazeres domésticos, as mulheres, além de serem maioria no contingente de desocupados, enfrentam dificuldades de crescimento profissional e de chegar aos cargos de direção e gerência; estão alocadas em ocupações com vínculos formais e ganham menos do que os homens.
A persistente informalidade do mercado de trabalho, com um número cada vez maior de trabalhadoras por conta própria, assalariadas sem carteira e domésticas sem direitos, abriga um enorme contingente de mulheres negras e não negras em subocupações, com poucas horas de trabalho e rendimentos baixos, sem acesso à proteção da lei.
Os negros são maioria entre os que têm inserção informal, representam 41,0% das trabalhadoras e 43,2% dos trabalhadores ocupados em situação de informalidade. Entre os não negros, a proporção de mulheres nessa situação era de 30,8% e a de homens, de 32,5%, no 4º trimestre de 2023. Importante observar a queda da informalidade entre os últimos trimestres de 2022 e 2023, refletindo a melhora no mercado de trabalho
Entre as quase 8,9 milhões de brasileiras que se inserem por conta própria no mercado de trabalho, apenas parte tem acesso a benefícios e direitos legais, garantidos pela abertura de MEI e do Simples, enquanto outras milhões lutam para trabalhar e manter a família, vivenciando situações muito precárias de ocupação e renda, sem qualquer proteção legal ou perspectiva de aposentadoria. São trabalhadoras para as quais deveriam ser desenvolvidas, com urgência, políticas públicas.
Acesse aqui a íntegra do Boletim Mulheres no Mercado de Trabalho