Relatos emocionados de monitoras e mães de crianças com necessidades especiais, durante a reunião com representantes da Smed sobre o remanejo de monitoras, nesta terça-feira (18), deixaram claro a crueldade, o autoritarismo e o descaso da Secretaria Municipal de Educação (Sed) com educadores, mães, pais e estudantes.
Antecedendo a reunião, as direções da Atempa e do Simpa uniram-se as monitoras/es e mães em manifestação que iniciou com concentração em frente ao Paço Municipal. Logo após, o grupo saiu em caminhada, em protesto pelas transferências arbitrárias, sem aviso ou preparação, desconsiderando os vínculos estabelecidos com crianças e jovens da inclusão escolar e desrespeitando a organização familiar dos trabalhadores, que estão sendo deslocados para escolas em regiões distantes de suas lotações anteriores.

Às vésperas do início do ano letivo, monitoras/es das escolas públicas municipais de Porto Alegre foram informadas que seriam remanejadas da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. A medida autoritária impacta de forma cruel a vida dessas profissionais e das famílias dos estudantes, principalmente das crianças atípicas que criam um vínculo fundamental com estes profissionais. A medida imposta impacta toda a organização das escolas.
A falta de monitores/as na Educação é uma realidade há anos. Mesmo assim, em vez de resolver o problema através de concurso público e novas nomeações, a Smed escolhe piorar a situação, com um remanejo desumano.
Após a pressão da mobilização, os manifestantes foram recebidos em uma auto-agenda com a chefe de gabinete, a coordenadora de Recursos Humanos e o secretário adjunto da Smed. As manifestantes indicaram uma comissão formada por quatro monitoras, três mães de alunos atípicos, a diretora do Simpa, Bete Charão, e a diretora da Atempa, Rosele Bruno de Souza. Também acompanharam a reunião a deputada Sofia Cavedon (PT) e os vereadores Jonas Reis (PT), Juliana Souza (PT) e Grazi Oliveira (PSOL). Grazi e Juliana integram a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (CECE) da Câmara Municipal de Porto Alegre.

“A falta de RH que vocês estão querendo cobrir nas escolas infantis, não é culpa das de ensino fundamental. É de falta de planejamento. Muitas monitoras se aperfeiçoaram na área da inclusão e aí da noite para o dia são comunicadas sobre o remanejo. São pessoas que diariamente tentam sobreviver, são questões humanas que precisam ser atendidas e compreendidas”, ressaltou a diretora da Atempa, Rosele Bruno de Souza.
A diretora do Simpa, Bete Charão, solicitou que a Smed interrompesse imediatamente os remanejos em função dos prejuízos que vem causando para os alunos atípicos. Também falou da importância dessas monitoras na rotina escolar, que são fundamentais para esse público da educação especial/inclusiva. “Essa mobilização foi organizada pelas monitoras que foram despejadas, por colegas monitoras que ainda não foram, mas que estão ameaçadas de serem transferidas a qualquer momento, e também pelas famílias atípicas que são atendidas por essas monitoras da rede. É um desrespeito do Melo, que se diz um prefeito de diálogo, com essas trabalhadoras, com as famílias e com os alunos com necessidades de aprendizagem e/ou com deficiência. Essas trabalhadoras foram pegas de surpresa e, da noite para o dia, tiveram que mudar toda a sua vida, toda a sua rotina. As monitoras saíram de férias e quando retornaram foram notificadas da transferência”, explicou a diretora do Simpa.

Após ouvir os relatos, os representantes da Smed afirmaram que as exposições colocadas durante a reunião serão levadas ao secretário de educação, Leonardo Pascoal. Como encaminhamento, ficou pré-agendada uma nova reunião para esta sexta-feira (21).
Também participaram da reunião, as vereadoras Juliana de Souza, Grazi Oliveira, do vereador Jonas Reis e da deputada estadual, Sofia Cavedon.
Denúncia à Defensoria Pública
A Atempa e o Simpa participaram de uma audiência na Defensoria Pública do Rio Grande do Sul para denunciar o remanejamento de monitores/as realizado pela Secretaria Municipal de Educação (Smed).
Durante a audiência, a Defensoria Pública comprometeu-se a convocar uma reunião com a Smed para obter informações sobre o remanejamento e avaliar o convênio com a ABESS, questionando a eficácia dessa medida.