Associação denuncia conteúdo do curso, que propaga o racismo, o preconceito e a intolerância

A Associação dos Trabalhadores em Educação – Atempa, vem à público denunciar e manifestar seu repúdio ao conteúdo do curso de recepção aos novos nomeados, realizado pela Secretaria Municipal de Educação (Smed). Um dos textos apresentados enfatiza a falácia do racismo reverso.

O conteúdo ressalta, entre outros absurdos, a inverídica afirmação “O racismo reverso ou racismo inverso é uma expressão usada para designar a existência de minorias éticas contra grupos étnicos dominantes. Um exemplo de racismo reverso é o preconceito de negros em relação aos brancos.”

Como educadores(as), nos sentimos na responsabilidade de esclarecer a questão. Quando uma pessoa branca sofre algum tipo de agressão verbal relacionada à sua cor, ela não pode dizer que sofreu racismo reverso, porque o racismo é única e exclusivamente direcionado a pessoa negra. A pessoa branca nesse caso sofreu um preconceito, uma discriminação ou uma injúria racial que está relacionada a ofensas contra a honra da vítima. Racismo é um crime histórico que foi criado pelo ódio à etnia negra e que matou e continua a matar milhares de pessoas negras em todo o mundo.

Para a diretora Jaqueline Franco é inaceitável e criminoso que um curso abrigado dentro da plataforma de educação da prefeitura de Porto Alegre, o EducaPOA, contenha uma definição de um conceito inexistente. “Ainda mais com exemplificação fazendo referência à população negra. Esse comportamento só faz afrontar a população negra da cidade e demonstra o racismo institucional presente de forma explícita na administração municipal. Propagar em um curso de recepção a novos servidores um conteúdo deste porte é inadmissível”, destacou.

O Coletivo Educação para as Relações Étnico Raciais (ERER-POA), da rede pública municipal de educação também se manifestou. “Consideramos que a nossa rede possui professores e coletivos qualificados para as mais diversas ações pedagógicas e promoções educativas e que a mantenedora precisa qualificar suas práticas aprendendo com seus professores”.

Ao adotar o falso discurso de existência do racismo reverso, a prefeitura da capital ajuda a propagar e aguçar ainda mais o preconceito e a intolerância.

Acreditar que racismo reverso existe é o mesmo que crer que o racismo pode, de alguma forma, ser aceitável.

É urgente desconstruir essa falsa existência de racismo reverso, que é, na verdade, uma expressão usada para negar a estrutura racista e faz parte do mesmo repertório de expressões como “o pior racista é o próprio negro”, “o negro é racista contra o próprio negro”. Afirmações como essas são usadas por quem prefere confundir e encobrir o verdadeiro e necessário debate racismo, preconceito e intolerância.  

Não nos calaremos!