ENCONTRO GERAL DA EJA/RME

A EJA no contexto da pandemia: lutar para assegurar direitos!✊🏿💪🏼💪🏿

Quando? 🗓️ Dias 19 e 20 de agosto, entre as 19 e 21h

Onde? Via Google Meet

Inscreva-se para participar:
https://forms.gle/S7jbqkroZRtrHkdd6

Para facilitar o debate teremos a presença da professora Anelise Silva, Coordenadora da Linha de Pesquisa em Educação de Jovens e Adultos no Programa de Pós-Graduação MESTRADO PROFISSIONAL – EDUCAÇÃO E DOCÊNCIA – PROMESTRE da FAE/UFMG; Professora Associada do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino (DMTE) da FAE-UFMG; Coordenadora do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos – NEJA/FAE/UFMG;

➡️ Ela respondeu algumas perguntas que serão aprofundadas no encontro. Confira a entrevista e participe!

Como você avalia o atual cenário da pandemia em relação à escola pública, sobretudo na Educação de Jovens e Adultos?

Avalio que é inviável falar do cenário de pandemia sem falar do cenário de pandemônio que estamos vivendo politicamente.
A EJA no cenário de pandemônio e em cenário de pandemia (associação de pessoas para praticar o mal ou promover desordens e balbúrdias. que é um neologismo criado pelo poeta, polemista, intelectual e funcionário público inglês John Milton (1608-1674) em seu clássico Paraíso Perdido, (Shangri-lá), para designar o palácio de Satã. O mesmo que tumulto, balbúrdia, confusão). Então, o que assemelha as palavras PANDEMIA e PANDEMONIO na sua essência é a desordem, o descontrole, o imponderável, segundo Milton. Lidar com o que não se pode controlar é uma ameaça, pois não estava diante da perspectiva de vida e sim de morte e, atualmente, a vida política brasileira, de uma maneira inesperada está em pandemônio.

Que cenários e riscos você deslumbra no pós pandemia em relação a EJA?

Desde 2014, o Brasil tem presenciado uma grande redução nos investimentos na Educação. Para a Educação de Jovens, Adultos e Idosos, se caminhávamos para a perspectiva de programas que garantisse alguma qualidade aos sujeitos, hoje temos um cenário que aponta para a eliminação e desqualificação da EJA e quaisquer outras ideias que estejam alinhadas à diversidade e à inclusão. Se no XV ENEJA, em Petrolina no Pernambuco uma das pautas era a ampliação da oferta da EJA presencial, no XVI ENEJA, aqui em Belo Horizonte, a pauta é pela revogação imediata do parágrafo 5º do artigo 17, da Resolução do Conselho Nacional de Educação Nº 3, de 21 de Novembro de 2018 que ao atualizar as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, prevê que “Na modalidade de educação de jovens e adultos é possível oferecer até 80% (oitenta por cento) de sua carga horária a distância, tanto na formação geral básica quanto nos itinerários formativos do currículo, desde que haja suporte tecnológico – digital ou não – e pedagógico apropriado. Se havia dúvidas sobre a impossibilidade de universalizar um atendimento à EJA mediado somente por tecnologias, a pandemia da COVID-19, escancarou essa realidade em relação aos sujeitos de direitos da EJA. Estes cidadãos trabalham como ambulantes, domésticas, diaristas, lavadores e tomadores de conta de carros, pedreiros, camponeses, extrativistas, cantineiras, faxineiras, motoristas de aplicativos, ambulantes, domésticas, profissionais do sexo, caminhoneiros, profissionais dos Serviços Gerais. Muitos são idosos. Muitos estão desempregados. Portanto, são os trabalhadores e as trabalhadoras informais, autônomos e desempregados, pessoas que não são alfabetizadas e/ou não possuem acesso e domínio de mecanismos digitais e, por isso, precisam ter à disposição contato via canal telefônico fixo, rádio, carta física. Não possuem dispositivos e recursos computacionais com potência adequada e nem compatíveis com banda larga.

O Encontro Geral da EJA organizado pela ATEMPA, dias 19 e 20 de agosto, no qual tu farás uma participação especial, será um momento para o balanço a construção de um plano de mobilização dos educadores. Você pode antecipar o que irás abordar na tua fala dia 19?

Vou aprofundar as respostas que trago aqui nessa entrevista convite. Pretendo tratar com vocês sobre cenários possíveis para a EJA no atual e no próximo período.

Como você percebe hoje o papel do associativismo e do sindicalismo docente em reação aos desafios para a manutenção e ampliação da EJA como política pública?

Avalio que o papel, neste momento, continua sendo e o da defesa da Constituição, da LDB, do Plano Nacional de Educação, ou seja, da Defesa da Educação de Qualidade Social.

Cite alguns exemplos de mobilizações de associações e sindicatos que tiveram êxito na política da EJA.

Me peçam para falar no dia do nosso encontro sobre o Curso de Especialização ESPECEJJA. Sugiro o mesmo sobre o Programa Fórum Metrô.

Como você percebe a relação entre currículo na EJA e a diversidade dos/as educandos/as em relação à escola diurna?

Avalio que, assim como as marcas construídas pelo caminhar da EJA denunciam a situação de exclusão que caracteriza os estudantes que lá estão, reafirmam a necessidade da valorização da sua condição humana num contexto amplo e aderem a uma abordagem que entende educação como direito desses estudantes, uma Pedagogia da EJA necessita planejar sua organização e sua gestão considerando uma atuação e uma afirmação, isso é, um reconhecimento do jovem educando da EJA como sujeito de direitos. Com todos os equívocos próprios de uma caminhada vivenciada co-letivamente, construída a muitas mãos, muitas e diferentes existências, muitas proposições e que se propõe a desenhar algo novo e diferente, a Pedagogia da EJA não se espelha na falta, na carência, na ausência em relação aos valores do mundo letrado. Assim também essa Pedagogia precisa refletir seus próprios sujeitos, com uma perspectiva positiva, em especial, em relação ao seu sujeito educando, sem desconsiderar seu sujeito educador.